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  1. INTENÇÕES IMPALPÁVEIS

    Entre a constituição de uma concepção singular e ao mesmo tempo, a proteção de uma dinâmica pluralista para preservar a diferença, o paradoxo existente no projecto europeu tem sido recorrentemente contestado por diversas ideologias e manifestações que derivam da actual conjuntura política e económica. Apesar da existência de um cepticismo contra os regimes vigentes, ainda existe um desejo de fazer e ser parte das várias comunidades. Mas por outro lado, e dada às crises económicas e migratórias actuais, existe toda uma redefinição do que é a participação e recepção do outro, que destabiliza as noções de inclusão e exclusão da Europa e questiona o trabalho em colaboração na reinvenção do espaço social. Como é que nos mobilizamos dentro das comunidades para uma transformação social e performativa e como é que artistas e a comunidade podem ter uma prática comum nesse processo de construção colectivo?

     

    O projecto Intenções Impalpáveis incide sobre as noções de imaterialidade e imaginário comum que se produz dentro de um colectivo temporário. Residindo no limiar entre participação e contemplação, entre inclusão e exclusão, interessa-nos levantar questões do domínio político na forma como é que se reinventa o espaço performativo e social partilhado com o público. Como é que este se constrói a partir das perspectivas e dos protocolos que regem a inclusão da audiência num espaço comum. Para tal, uma série de situações são propostas pelos performers para que estes situem a sua prática com o público através de acções de convite, reconhecimento, provocação, intimidação, e outras intenções. A partir de intervenções espaciais e gestuais, os performers indiciam relações com objectos, pessoas e abstrações e trabalham nas diversas performatividades produzidas pela sua gestualidade funcional, expressiva, médium de uma linguagem, tacteante ou motor de sensações. Para processar estas situações numa prática física, iremos enquadra-las com as metodologias do cinema de Robert Bresson em que os gestos perdem a sua atitude interpretativa para alcançarem uma qualidade mecânica e irreflectida.

     

    Coreografia | Jorge Gonçalves
    Performance | Carminda Soares, Maria Soares, Melissa Sousa, Renann Fontoura
    Direção Técnica | Daniel Oliveira
    Fotografia | Miguel Refresco
    Design & Artwork | Jani Nummela
    Documentário | Rogério Nuno Costa
    Produção | Ballet Contemporâneo do Norte

     

    Première 13 & 14 Abril 2019, Antiga Igreja de São João de Ver, Santa Maria da Feira